Bree continuou imóvel e eu igualmente. Aquela ameaça pareceu real e, mesmo se estivesse errada, eu não cometeria qualquer erro impensado que tirasse minha vida. Apesar disso, eu o fuzilava com meus olhos. Não era possível que aquela criatura insensível estava sentada ali, tão perto. Ele parecia estar pensando em algo – ou talvez planejando seu ataque. O estranho era que o garoto adolescente ainda continuava a nos encaras, mais precisamente, a encarar o cara dos sonhos.
- Qual seu nome? – Tentei improvisar, com o medo tomando conta de minha voz. Quis fazer qualquer coisa que pudesse me liberar daquilo.
- E interessa? – Ele respondeu de maneira rude, logo mudando seu tom. – Erik.
Erik. Então o nome do assassino era Erik. Quem ouve esse nome nem desconfia de nada, tão simples e aparentemente inocente.
Eu tentaria distraí-lo mais, se não fosse pela ação do adolescente que estava nos observando até então. Ele viera caminhando a passos curtos até nos, sem ninguém perceber, e golpeara Erik com um chute certeiro em seu tórax, que foi tão forte que fez Erik atingir a parede atrás de nós. Não satisfeito, o garoto pulou sobre nós e o atingiu mais uma vez, deixando-o incapacitado de se levantar.
Então, aconteceu o que eu mais temia. O garoto veio determinado em nossa direção. Tentei correr, levando Bree junto comigo, mas aconteceu exatamente o que ocorrera no meu primeiro sonho, ele nos alcançou rapidamente e nos fez parar. Bree chorava incontrolavelmente enquanto eu só conseguia pensar no meu sonho e se ele poderia se tornar real.
- Olá, Summernight. Aliás, que nome incomum. – O garoto tocou meu rosto com aquelas mãos repugnantes. – Passei o dia inteiro lhe observando e aposto que você nem notou.
Observando-me? Então as lágrimas, já gastas de tanto uso em um só dia, caíram novamente. Que espécie de ser era aquilo? E o que queria comigo?
- Fale alguma coisa. Não vai querer dizer nada antes de... – Ele não chegou a completar sua frase cheia de zombaria. – Não é?
- O que você quer de mim? Deixe-me em paz! – Tirei sua mão imunda do meu rosto.
- O que eu quero? Simplesmente você.
E a cena em que eu morria no meu sonho estava se repetindo, só que com um assassino diferente dessa vez. Ele estava se aproximando cada vez mais e a única coisa que eu consegui fazer foi cerrar meus olhos e gritar internamente para que esse dia fosse realmente um sonho.
Estranhei a demora demasiada do ataque e arrisquei abrir os olhos. A cena que eu vi em seguida foi, no mínimo, tão horrível e nojenta que fez meus joelhos fraquejarem. O garoto, que estava preste a me matar, jazia no chão com seu maxilar arrancado e com seus olhos já sem vida. Erik estava em pé poucos metros a minha frente, ofegante.
- O que aconteceu? – Minha voz estava histérica e saia aos gritos.
- Nada que eu já não cogitava antes. Droga... Você está bem?
- Sim, eu acho. – A realidade começava a iluminar minha cabeça e eu voltava a pensar claramente. – Onde está Bree? Se você fez alguma coisa com ela, eu juro que...
- Calma! – Interrompeu-me ele. - Ela fugiu antes de eu recobrar a consciência.
Sem conseguir falar mais, continuei no chão ao lado do meu assassino morto. Ainda chorando, eu não conseguia desviar meu olhar do maxilar que estava onde antes o garoto me observava. Eu já aceitava o fato de que o dia mais bizarro da minha vida infelizmente não era mais um dos meus sonhos, era real.
E se os outros dois sonhos também fossem reais ou algum tipo de premonição? E se a mãe e seu filho estivessem verdadeiramente mortos? E pior, mortos por aquele que acabara de me salvar!
- Venha. Vamos para um lugar mais... Confortável.
Eu comecei a entrar num estado de choque e estava precisando me sentir segura. Inconscientemente, eu segui os passos de Erik.
2 comentários:
Nossa, você escreve muuuuito bem. Parabéns! Ansiosa para o próximo capítulo (:
Ameiiiiiiiiiiiiiii!!!
Eu estou sorteando o livro do André Victtor lá no blog! Venha participar!
http://amazoniaumcaminhoparaosonho.blogspot.com/2011/10/sorteio-no-dia-das-bruxas.html
Postar um comentário